Luna e Bernardo van Brussel Barroso, filhos do presidente da corte, Luís Roberto Barroso, teriam sido deportados dos Estados Unidos em um voo militar com destino a Manaus. A fake news, disseminada em redes sociais por perfis alinhados ao bolsonarismo, surgiu após a revogação dos vistos de oito ministros do STF pelo governo americano, em 19 de julho. Com milhares de visualizações, as postagens usaram imagens manipuladas, como aviões da Força Aérea americana, para atacar a imagem do Supremo em um contexto de polarização política. O STF afirmou que Luna, doutoranda na USP, e Bernardo, executivo do BTG Pactual, residem no Brasil e não enfrentam processos migratórios. A desinformação reflete tensões entre Brasil e EUA após medidas judiciais contra Jair Bolsonaro.

A onda de boatos ganhou força em plataformas como TikTok e Instagram, onde vídeos e imagens sensacionalistas circularam amplamente. Um vídeo, falsamente atribuído a Luna Barroso, mostrava a cantora Selena Gomez, ilustrando a manipulação de conteúdos para enganar o público. O Ministério das Relações Exteriores não confirmou voos de deportação para Manaus, enquanto a Agência Brasil relatou que o último voo de repatriados pousou em Fortaleza.

STF – Foto: diegograndi/iStock.com
  • Origem do boato: Publicações surgiram após a revogação de vistos de ministros do STF.
  • Objetivo político: Deslegitimar o STF em meio a disputas judiciais com Bolsonaro.
  • Alcance nas redes: Postagens acumularam mais de 278 mil visualizações no TikTok.

O caso expõe o uso de desinformação como arma política, explorando a crise diplomática entre Brasil e EUA e a polarização no cenário brasileiro.

Raízes da desinformação

A disseminação de notícias falsas sobre os filhos de Barroso está diretamente ligada ao anúncio do secretário de Estado americano, Marco Rubio, em 19 de julho de 2025, que revogou os vistos de oito ministros do STF, incluindo Barroso, Alexandre de Moraes, Cármen Lúcia, Dias Toffoli, Edson Fachin, Cristiano Zanin, Flávio Dino e Gilmar Mendes. A medida, que também poderia afetar familiares, foi justificada como resposta a supostas violações de liberdade de expressão no julgamento de Jair Bolsonaro, alvo de medidas como uso de tornozeleira eletrônica.

A narrativa falsa sobre a deportação de Luna e Bernardo ganhou tração em perfis bolsonaristas, que compartilharam imagens de um avião militar com legendas como “Filhos de Barroso deportados”. A escolha de Manaus como destino fictício buscava dar credibilidade ao boato, mas carece de evidências. A Agência Brasil confirmou que voos de repatriados recentes chegaram a Fortaleza, com 48 brasileiros, nenhum ligado ao STF.

  • Contexto político: Revogação de vistos intensificou ataques ao Supremo.
  • Manipulação visual: Imagens de aviões militares foram usadas para enganar.
  • Resposta oficial: Itamaraty e STF negaram qualquer deportação.

A desinformação reflete uma estratégia de pressão contra o STF, aproveitando a crise diplomática e a polarização política no Brasil.

Quem são Luna e Bernardo

Luna van Brussel Barroso, filha de Luís Roberto Barroso, é advogada formada pela PUC-Rio e doutoranda em direito constitucional na USP. Entre 2022 e 2023, ela cursou pós-graduação na Universidade de Yale, nos EUA, mas retornou ao Brasil, onde atua no escritório Barroso Fontelles, Barcellos, Mendonça Advogados (BFBM). Bernardo, por sua vez, é diretor associado no banco BTG Pactual e fundador de uma empresa de investimentos no setor de jogos eletrônicos, com residência confirmada no Brasil.

As redes sociais dos irmãos, acessíveis publicamente, reforçam que ambos vivem e trabalham no país, desmentindo alegações de que estariam nos EUA ou enfrentando problemas migratórios. O STF destacou que não há registros de cancelamento de vistos ou processos contra Luna e Bernardo, classificando as acusações como infundadas.

  • Luna Barroso: Advogada, doutoranda na USP, ex-aluna de Yale.
  • Bernardo Barroso: Executivo do BTG Pactual, atua no Brasil.
  • Sem processos: Nenhum dos dois enfrenta questões migratórias nos EUA.

O ataque aos filhos de Barroso evidencia como figuras públicas e suas famílias são alvos de narrativas falsas em momentos de alta tensão política.

Mecanismos de propagação nas redes

A disseminação de fake news sobre a deportação segue um padrão recorrente de manipulação digital. Postagens no TikTok, Instagram e Kwai usaram imagens impactantes, como aviões militares, e vídeos manipulados para atrair atenção. Um caso emblemático foi um vídeo de Selena Gomez, de um pronunciamento sobre imigração, apresentado como se fosse Luna Barroso. A gravação, que circulou com legendas sensacionalistas, acumulou milhares de interações antes de ser desmentida.

A estratégia explora emoções como indignação e ironia, comuns em conteúdos virais. No TikTok, postagens sobre o tema alcançaram 278 mil visualizações, enquanto no Kwai somaram 70 mil. A velocidade de propagação dificulta a resposta em tempo real, mesmo com checagens de veículos como G1 e Reuters.

  • Imagens manipuladas: Aviões militares foram usados para dar veracidade.
  • Vídeos falsos: Gravação de Selena Gomez foi atribuída a Luna.
  • Alcance viral: 278 mil visualizações no TikTok, 70 mil no Kwai.
  • Resposta da imprensa: Checagens enfrentam dificuldade para conter a disseminação.

O uso de redes sociais para espalhar desinformação destaca a necessidade de estratégias eficazes de combate a boatos em plataformas digitais.

Resposta do STF e do governo

O Supremo agiu rapidamente para conter a narrativa falsa. Em nota oficial emitida em 30 de julho de 2025, a corte afirmou que Luna e Bernardo não estão nos EUA e que as alegações de deportação são “absolutamente falsas”. A assessoria reforçou que não há registros de cancelamento de vistos dos filhos de Barroso, e o Itamaraty confirmou a ausência de voos de deportação para Manaus.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva também se pronunciou, criticando a revogação de vistos de ministros do STF como “arbitrária” e uma afronta à soberania brasileira. Lula expressou solidariedade aos magistrados e destacou a importância de preservar a independência do Judiciário. Sete partidos aliados ao governo, incluindo PT, PSB e PCdoB, emitiram nota conjunta repudiando a ação dos EUA.

  • Nota do STF: Desmentiu deportação e confirmou residência dos irmãos no Brasil.
  • Posição de Lula: Criticou interferência dos EUA na Justiça brasileira.
  • Partidos aliados: Repudiaram medida como ataque à soberania.

A resposta oficial buscou restabelecer a verdade, mas o alcance das fake news evidencia os desafios de combater a desinformação em tempo real.

Crise diplomática e polarização

A revogação de vistos de oito ministros do STF pelo governo americano, anunciada por Marco Rubio, intensificou a crise diplomática entre Brasil e EUA. A medida foi uma retaliação às decisões de Alexandre de Moraes contra Jair Bolsonaro, como o uso de tornozeleira eletrônica e a proibição de acesso às redes sociais. Rubio acusou o STF de promover “perseguição política” e censura, alegando impactos a cidadãos americanos.

A ação gerou uma onda de desinformação, com boatos como o da deportação dos filhos de Barroso sendo amplificados por apoiadores de Bolsonaro. A polarização política no Brasil, agravada por disputas judiciais, cria um ambiente fértil para narrativas falsas que buscam deslegitimar instituições como o STF.

  • Revogação de vistos: Atingiu oito ministros, exceto Fux, Mendonça e Marques.
  • Justificativa dos EUA: Suposta censura e perseguição a Bolsonaro.
  • Impacto político: Boatos reforçam divisão entre apoiadores e críticos do STF.

A crise expõe como a desinformação é usada para pressionar instituições democráticas, desafiando a confiança pública no Judiciário.

Estratégias contra a desinformação

O combate à disseminação de fake news exige ações coordenadas entre instituições, imprensa e plataformas digitais. O STF tem investido em comunicados oficiais e parcerias com agências de checagem para desmentir boatos. Veículos como G1, Reuters e Aos Fatos publicaram verificações detalhando a falsidade das alegações sobre os filhos de Barroso.

Plataformas como TikTok e Instagram enfrentam pressão para melhorar a moderação de conteúdo, mas a velocidade de viralização ainda supera os esforços de contenção. Especialistas sugerem campanhas de educação digital e maior transparência nos algoritmos das redes para reduzir o impacto de narrativas falsas.

  • Ação do STF: Comunicados oficiais e parcerias com checadores.
  • Papel da imprensa: Verificações detalham manipulações, como o vídeo de Selena Gomez.
  • Desafios digitais: Plataformas lutam para conter viralização de boatos.

A luta contra a desinformação requer esforços contínuos para proteger a credibilidade das instituições e a confiança da sociedade.

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Redação

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