Ronaldo Nazário, ídolo histórico do Corinthians, anunciou em julho de 2025, em São Paulo, um plano ousado para assumir o controle do clube por meio de uma Sociedade Anônima do Futebol (SAF), visando quitar a dívida de R$ 704 milhões da Neo Química Arena e reposicionar o Timão como potência esportiva e financeira. A proposta, revelada durante participação no podcast Denílson Show, surge em meio a uma crise financeira que consome cerca de R$ 50 milhões anuais do orçamento do clube, limitando investimentos em contratações e infraestrutura. Ronaldo, que já geriu o Cruzeiro com sucesso no mesmo modelo, planeja captar R$ 1 bilhão em investimentos iniciais, modernizar a gestão e explorar o potencial comercial da marca Corinthians, avaliada em R$ 3,7 bilhões em 2024. As negociações envolvem a diretoria atual, liderada interinamente por Osmar Stabile, e investidores estratégicos, mas enfrentam resistência de setores da torcida, como a Gaviões da Fiel, que teme a perda da essência popular do clube fundado em 1910.

O ex-jogador, conhecido como Fenômeno, aposta na transformação do Corinthians em uma empresa autônoma para sanear as finanças e aumentar a competitividade no Brasileirão e em torneios internacionais. Sua experiência no Cruzeiro, onde reduziu dívidas de R$ 1,3 bilhão para R$ 800 milhões entre 2021 e 2024, é o principal argumento para liderar o projeto.

  • Objetivo principal: Quitar a dívida da Neo Química Arena em até dois anos.
  • Estratégia financeira: Captação de R$ 1 bilhão com investidores nacionais e internacionais.
  • Foco comercial: Ampliar receitas com patrocínios, eventos e programas de sócio-torcedor.

Plano ambicioso de Ronaldo

Ronaldo Nazário detalhou sua visão para o Corinthians em entrevistas recentes, destacando que o modelo associativo atual, marcado por instabilidade política e má gestão, não é sustentável. Ele propõe um modelo híbrido de SAF, onde investidores teriam controle majoritário nos primeiros anos, com a associação recuperando influência gradualmente. O plano inclui uma auditoria independente para avaliar ativos e passivos, além de parcerias com marcas globais para explorar naming rights e eventos na Neo Química Arena.

O Corinthians, com cerca de 30 milhões de torcedores, enfrenta dificuldades para equilibrar o orçamento devido aos custos da arena, inaugurada em 2014 para a Copa do Mundo. A dívida com a Caixa Econômica Federal consome recursos que poderiam ser direcionados ao centro de treinamento Joaquim Grava e a contratações estratégicas. Ronaldo acredita que a força da torcida e o faturamento robusto do clube, estimado em R$ 800 milhões anuais, podem dobrar com uma gestão profissionalizada.

  • Captação inicial: R$ 1 bilhão em investimentos.
  • Modernização da arena: Transformação em espaço multifuncional para eventos.
  • Gestão transparente: Criação de conselhos independentes e relatórios trimestrais.
  • Foco esportivo: Investimentos em categorias de base e futebol feminino.

Experiência no Cruzeiro como trunfo

A credibilidade de Ronaldo como gestor vem de sua passagem pelo Cruzeiro, entre 2021 e 2024, onde assumiu um clube em crise, com dívidas de R$ 1,3 bilhão e na Série B. Sob sua administração, o time mineiro retornou à Série A em 2022, reduziu custos operacionais e aumentou receitas com patrocínios e merchandising. A venda de 90% da SAF do Cruzeiro por R$ 600 milhões em 2024, com lucro de R$ 550 milhões sobre o investimento inicial de R$ 50 milhões, consolidou sua reputação.

No Corinthians, Ronaldo planeja replicar o modelo em maior escala, aproveitando a torcida massiva e o histórico de títulos, como os Mundiais de 2000 e 2012. Sua ligação emocional com o clube, onde jogou entre 2009 e 2011, conquistando o Paulistão e a Copa do Brasil, reforça o compromisso com o projeto. Ele destaca que a SAF não comprometerá a identidade do Corinthians, mas permitirá maior eficiência na gestão.

Resistência da torcida e desafios políticos

A proposta enfrenta resistência significativa, especialmente da Gaviões da Fiel, principal torcida organizada do Corinthians. Em março de 2025, a torcida publicou uma carta aberta declarando que “o Corinthians não está à venda” e defendeu que uma gestão honesta seria suficiente para sanar as dívidas. A Gaviões teme que a SAF comprometa a essência popular do clube, fundado por operários. Essa resistência reflete um desafio cultural, já que muitos torcedores veem a transformação como uma ameaça à tradição alvinegra.

A crise política agrava o cenário. O afastamento do presidente Augusto Melo em maio de 2025, devido a investigações sobre irregularidades no contrato com a patrocinadora VaideBet, gerou instabilidade. Osmar Stabile, vice-presidente interino, enfrenta dificuldades para unificar o Conselho Deliberativo, onde conselheiros estão divididos entre apoiar a SAF e manter o modelo associativo. A aprovação da SAF exige dois terços dos votos dos 350 membros do conselho, um obstáculo significativo.

  • Resistência da torcida: Gaviões da Fiel critica a venda do clube.
  • Crise política: Afastamento de Augusto Melo aumenta instabilidade.
  • Desafio jurídico: Aprovação no Conselho Deliberativo requer ampla maioria.
  • Gestão interina: Osmar Stabile busca unificar conselheiros.

Potencial comercial do Corinthians

A força da marca Corinthians, avaliada em R$ 3,7 bilhões pela Sports Value em 2024, é um dos pilares do plano de Ronaldo. O clube possui uma torcida estimada em 30 milhões, com alcance global devido a conquistas como os Mundiais de 2000 e 2012. A Neo Química Arena, apesar da dívida, é um dos estádios mais modernos do Brasil, com capacidade para 47 mil torcedores e potencial para eventos como shows e patrocínios.

Ronaldo propõe explorar mercados internacionais, atraindo investidores da Europa e Ásia, onde o Corinthians tem visibilidade. Sua experiência no futebol europeu, com passagens por Barcelona, Real Madrid e Inter de Milão, é um diferencial para negociações globais. O plano inclui parcerias com ligas europeias para intercâmbio de talentos e o uso de inteligência artificial para scouting de jogadores, além de programas de sócio-torcedor mais atrativos.

Negociações e próximos passos

As discussões entre Ronaldo e a diretoria do Corinthians avançam desde o início de 2025, com reuniões confidenciais em São Paulo. Consultorias financeiras e advogados especializados em direito desportivo foram contratados para modelar a transição, garantindo conformidade com a Lei 14.193/2021 e as normas da CBF. Investidores, incluindo fundos com experiência em futebol europeu, já demonstraram interesse em se unir ao projeto.

A proposta inclui a venda de cotas minoritárias para diversificar riscos e atrair capital. Ronaldo planeja usar parte dos lucros obtidos com a venda da SAF do Cruzeiro para financiar a operação inicial. A quitação da dívida da arena liberaria R$ 50 milhões anuais, que poderiam ser direcionados a contratações de alto nível e melhorias na infraestrutura.

  • Reuniões confidenciais: Negociações com diretoria e investidores.
  • Consultorias especializadas: Análise de contratos e viabilidade jurídica.
  • Investidores internacionais: Fundos europeus interessados no projeto.
  • Cronograma previsto: Assembleia de sócios em 2025 para aprovação.

Impacto financeiro e esportivo

A adoção da SAF traria alívio financeiro imediato, com a quitação da dívida da Neo Química Arena e a liberação de recursos para investimentos. O Corinthians enfrenta uma crise financeira sem precedentes, com dívidas totais estimadas em R$ 2,4 bilhões em 2024, segundo a Sports Value. O faturamento de R$ 1,14 bilhão no mesmo ano não foi suficiente para equilibrar as contas, devido a gastos elevados e má gestão.

A campanha “Timão Livre”, lançada por torcedores, arrecadou R$ 28,8 milhões até dezembro de 2024, mas o valor é insuficiente para resolver o problema. Ronaldo enxerga na SAF uma solução para reestruturar o clube, aumentando a competitividade no Brasileirão e em torneios internacionais. O plano inclui iniciativas de inclusão, como o fortalecimento do futebol feminino e programas sociais, para engajar a comunidade e ampliar o impacto do clube.

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Redação

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