
Com o Brasil alcançando o recorde de 77 milhões de inadimplentes em maio de 2025, segundo a Serasa, totalizando R$ 465 bilhões em dívidas, consumidores enfrentam desafios para acessar crédito e manter a estabilidade financeira. Cada devedor, em média, deve R$ 6.036, mas legislações como o Código de Defesa do Consumidor, a Lei do Superendividamento e a Lei do Desenrola oferecem ferramentas para proteger quem está com contas atrasadas. Essas normas garantem direitos como o “mínimo existencial”, proíbem práticas abusivas de cobrança e facilitam a renegociação de débitos. Este guia explica como os inadimplentes podem usar essas leis para superar dificuldades, evitar constrangimentos e buscar soluções financeiras. O conhecimento dessas proteções é essencial para enfrentar o endividamento em um cenário econômico desafiador.
O aumento da inadimplência reflete pressões como inflação e desemprego, que dificultam o pagamento de contas. Felizmente, as leis brasileiras oferecem um suporte robusto para consumidores em apuros.
- Direitos que ajudam o inadimplente:
- Proibição de constrangimento ou ameaças durante cobranças.
- Acesso a informações claras sobre dívidas, conforme o Código de Defesa do Consumidor.
- Possibilidade de negociar dívidas judicialmente com a Lei do Superendividamento.
- Limites a juros abusivos, estabelecidos pela Lei do Desenrola.
Como o Código de Defesa do Consumidor te protege
O Código de Defesa do Consumidor (CDC), de 1990, é uma das principais ferramentas para inadimplentes. Ele proíbe práticas abusivas, como ligações insistentes ou constrangimentos, com penalidades de até um ano de detenção para quem desrespeita. O artigo 43 garante que você tenha acesso a informações claras sobre seus débitos, incluindo valores e prazos, e limita a negativação por uma mesma dívida a cinco anos.
Além disso, uma decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) de 2023 determina que o consumidor deve ser notificado em seu endereço antes de ter o nome incluído em cadastros como Serasa ou SPC. Isso dá ao devedor a chance de contestar ou negociar antes da negativação.

Usando a Lei do Superendividamento
A Lei do Superendividamento, de 2021, é um marco na proteção ao consumidor endividado. Ela permite que você busque a Justiça para criar um plano de pagamento que envolva todos os seus credores, semelhante a uma recuperação judicial. Esse plano prioriza o “mínimo existencial”, cerca de R$ 600, para cobrir despesas básicas como alimentação, moradia e saúde.
- Benefícios da Lei do Superendividamento:
- Negociação simultânea com todos os credores.
- Preservação de um valor mínimo para despesas essenciais.
- Possibilidade de prazos e descontos que facilitam o pagamento.
- Proteção contra a perda total da renda para dívidas.
Embora o valor do “mínimo existencial” seja considerado baixo por especialistas, a lei é uma ferramenta poderosa para quem está com a renda comprometida por dívidas.
A Lei do Desenrola e a renegociação de dívidas
Sancionada em 2023, a Lei do Desenrola já ajudou dois milhões de brasileiros a limpar seus nomes nos primeiros dez meses, segundo o governo. A legislação facilita a renegociação de dívidas e impõe um teto de 100% nos juros do rotativo do cartão de crédito, evitando que a dívida dobre de tamanho rapidamente.
Para usar a Lei do Desenrola, você pode procurar programas de renegociação oferecidos por bancos, fintechs ou plataformas do governo. Essas iniciativas muitas vezes incluem descontos significativos e prazos estendidos, ajudando a tornar o pagamento mais acessível.
Proteções para idosos inadimplentes
O Estatuto do Idoso, de 2003, garante direitos específicos para pessoas com mais de 60 anos. Ele proíbe a retenção de documentos ou cartões como forma de cobrança, uma prática que pode ser punida com seis meses a dois anos de detenção. Essa medida protege idosos de pressões indevidas, especialmente em um contexto onde muitos dependem de aposentadorias limitadas.
- Dicas para idosos endividados:
- Não entregue documentos ou cartões como garantia de pagamento.
- Denuncie práticas abusivas ao Procon ou à Justiça.
- Busque orientação jurídica para negociar dívidas.
Passos práticos para sair da inadimplência
Para aproveitar as proteções legais, o primeiro passo é conhecer seus direitos. Exija dos credores informações claras sobre suas dívidas, como valores, juros e prazos. Caso enfrente cobranças abusivas, registre uma reclamação no Procon ou procure um advogado para acionar o CDC.
- Como agir se estiver inadimplente:
- Consulte seus débitos em plataformas como Serasa ou SPC.
- Negocie diretamente com credores, aproveitando programas como o Desenrola.
- Busque ajuda jurídica para criar um plano de pagamento com base na Lei do Superendividamento.
- Priorize despesas essenciais, protegidas pelo “mínimo existencial”.
Além disso, participe de feirões de renegociação, que frequentemente oferecem descontos de até 90% em dívidas. Fique atento a notificações de negativação e conteste débitos indevidos imediatamente.
Cenário econômico e inadimplência
O recorde de 77 milhões de inadimplentes, com 298,5 milhões de registros de débitos, reflete um cenário econômico desafiador. A inflação persistente e o desemprego dificultam o pagamento de contas, especialmente para famílias de baixa renda. O valor médio de R$ 6.036 por devedor, segundo a Serasa, mostra como as dívidas podem se acumular rapidamente.
Apesar disso, as leis oferecem um caminho para aliviar o peso financeiro. Combinar o uso dessas proteções com planejamento financeiro e programas de renegociação pode ser a chave para superar a inadimplência e recuperar a estabilidade.
