
A defesa do atacante Bruno Henrique, do Flamengo, desistiu de um recurso no Superior Tribunal de Justiça (STJ) que buscava anular a investigação criminal sobre a suspeita de manipulação de apostas em uma partida do Campeonato Brasileiro de 2023. O pedido de desistência foi protocolado na quinta-feira, 28 de agosto de 2025, um dia após a marcação do julgamento pela corte, previsto para a próxima terça-feira. A decisão foi homologada rapidamente, encerrando a tentativa de invalidar o processo que acusa o jogador de receber um cartão amarelo intencionalmente para beneficiar apostadores. A investigação, conduzida pelo Ministério Público do Distrito Federal, aponta que Bruno Henrique informou ao irmão, Wander Nunes Pinto, sobre a possibilidade de ser advertido na partida contra o Santos, em Brasília. A desistência do recurso levanta questões sobre os próximos passos do caso, que envolve também familiares e outros suspeitos.
A investigação ganhou destaque após empresas de apostas identificarem movimentações financeiras atípicas relacionadas ao cartão amarelo do jogador. A Polícia Federal, que iniciou as apurações em agosto de 2024, realizou operações de busca e apreensão em novembro do mesmo ano. Conversas extraídas do celular de Wander embasaram a denúncia do Ministério Público, formalizada em junho de 2025. Apesar de Bruno Henrique negar qualquer manipulação, um dos suspeitos fechou um acordo com a promotoria, admitindo conhecimento prévio da advertência.
Detalhes da investigação
A investigação começou após empresas de apostas esportivas alertarem sobre um volume incomum de apostas no cartão amarelo de Bruno Henrique durante o jogo Flamengo x Santos, em novembro de 2023, no Estádio Mané Garrincha, em Brasília. O jogador, que estava pendurado com dois cartões amarelos, foi advertido na partida, o que gerou suspeitas de manipulação.
- Origem da denúncia: Empresas de apostas notaram padrões atípicos nas movimentações financeiras.
- Envolvidos: Além de Bruno Henrique, o irmão Wander, a esposa dele, uma prima e amigos estão entre os denunciados.
- Evidências: Conversas extraídas do celular de Wander indicam que ele sabia da possibilidade do cartão.
- Operação policial: Em novembro de 2024, a Polícia Federal realizou buscas e apreensões.
A denúncia do Ministério Público do Distrito Federal, apresentada em junho de 2025, detalha como o grupo teria lucrado com informações privilegiadas. Um dos suspeitos, Douglas Ribeiro Pina Barcelos, aceitou um acordo judicial, confessando que sabia da advertência com antecedência. Ele cumprirá serviços comunitários e pagará uma multa de R$ 2.322,13.
Tentativa de anulação no STJ
A defesa de Bruno Henrique entrou com um habeas corpus no STJ, argumentando que a Justiça do Distrito Federal não seria competente para julgar o caso, que deveria tramitar na Justiça Federal. O pedido foi negado em julho de 2025 pelo ministro Joel Ilan Paciornik, que considerou o habeas corpus inadequado para a discussão. Após a negativa, os advogados recorreram com um agravo regimental, buscando levar o caso a um colegiado da Quinta Turma do STJ.
O julgamento estava marcado para 2 de setembro de 2025, mas a desistência do recurso, protocolada na véspera, mudou o rumo da estratégia jurídica. A defesa não detalhou os motivos para abandonar a ação, e tentativas de contato com os advogados não obtiveram resposta. A decisão sugere que o jogador optou por enfrentar o processo diretamente na Justiça do Distrito Federal, onde ele e os demais envolvidos respondem criminalmente.
Repercussão no Flamengo e no futebol
O caso de Bruno Henrique trouxe à tona discussões sobre a integridade no futebol brasileiro, especialmente em um contexto de crescimento das apostas esportivas. O Flamengo, clube do jogador, não se pronunciou oficialmente sobre a desistência do recurso, mas o caso tem gerado debates entre torcedores e analistas esportivos.
- Impacto no clube: A situação de Bruno Henrique pode afetar o desempenho do Flamengo em competições.
- Apostas no Brasil: O mercado de apostas esportivas cresceu 360% entre 2018 e 2023, segundo dados do setor.
- Precedentes: Casos semelhantes envolvendo outros jogadores já ocorreram no futebol brasileiro, como em 2022.
- Reação da torcida: Posts em redes sociais mostram divisão entre apoio ao jogador e críticas à sua conduta.
A investigação também expôs vulnerabilidades no monitoramento de apostas, levantando questões sobre a necessidade de regulamentação mais rígida no setor. Clubes e federações têm discutido medidas para prevenir manipulações, como treinamentos para atletas sobre os riscos de envolvimento com apostadores.
Acordo judicial e próximos passos
O acordo fechado por Douglas Ribeiro Pina Barcelos, um dos suspeitos, foi um marco na investigação. Ele admitiu ter conhecimento prévio do cartão amarelo de Bruno Henrique, o que reforçou as suspeitas contra o jogador. Em troca da confissão, Douglas cumprirá medidas alternativas, como serviços comunitários, além de pagar uma multa.
Para Bruno Henrique, a desistência do recurso no STJ significa que o processo seguirá na Justiça do Distrito Federal. A defesa do jogador pode agora focar em contestar as acusações diretamente no mérito, buscando provar que o cartão amarelo não foi intencional. O atacante segue negando qualquer irregularidade, e seu depoimento será crucial para esclarecer os fatos.
Contexto das apostas esportivas no Brasil
O crescimento das apostas esportivas no Brasil tem atraído atenção para casos como o de Bruno Henrique. Desde a regulamentação do setor, em 2018, o mercado movimenta bilhões de reais anualmente, com plataformas digitais facilitando o acesso a apostas em tempo real. No entanto, a falta de fiscalização rigorosa tem permitido brechas para manipulações.
- Crescimento do mercado: Estima-se que 20 milhões de brasileiros apostem regularmente em esportes.
- Regulamentação: A Lei 13.756/2018 liberou as apostas, mas carece de normas específicas para prevenção de fraudes.
- Monitoramento: Empresas de apostas usam algoritmos para detectar padrões suspeitos, como no caso de Bruno Henrique.
- Casos anteriores: Outros atletas já foram investigados por manipulação, mas poucos resultaram em condenações.
A investigação de Bruno Henrique pode servir como precedente para futuras ações judiciais e reforçar a necessidade de medidas preventivas no futebol. Órgãos como a CBF e o Ministério do Esporte têm discutido parcerias com empresas de apostas para melhorar o monitoramento e educar jogadores sobre os riscos.
O que esperar do caso
Com a desistência do recurso, o foco agora se volta para o andamento do processo na Justiça do Distrito Federal. A defesa de Bruno Henrique terá que apresentar argumentos sólidos para rebater as evidências, que incluem mensagens e o acordo judicial de um dos suspeitos. O caso também pode impactar a carreira do jogador, que é peça-chave no Flamengo, e levantar debates sobre a ética no esporte.
O Ministério Público deve continuar pressionando por esclarecimentos, enquanto o jogador tenta manter o foco em sua carreira dentro de campo. A próxima audiência ainda não foi marcada, mas o caso promete manter a atenção de torcedores e da imprensa nas próximas semanas.
